quinta-feira, 31 de março de 2011

Breves notas sobre Tha Carter III


"Ó Pedro, ganha juízo!", pensam os meus leitores. Lêem Lil' Wayne e riem-se. Imaturos.
Se Kanye West fez furor o ano passado com o fabuloso My Beautiful Twisted Dark Fantasy, Lil' Wayne  fez de 2008 o seu ano. Tha Carter III é um álbum muito interessante, que segundo Wayne tem "tendências rock". Afirmação descabida. O hip-hop tem de se fazer sem este tipo de pretensões, e, no fundo, Lil' Wayne fá-lo. Não há nada de rock aqui, se bem que Shoot Me Down pareça saído de Olhos de Mongol (Linda Martini). Sonoridades brutais e letras pouco profundas, como se quer.
Gostei particularmente de Tha Carter III, porque Lil' Wayne não precisou de prometer uma sinfonia para tornar o último dos Muse numa flatulência. Quase não precisava de letras pois as batidas são fantásticas, destaque óbvio para as extraordinárias 3 Peat e A Milli (engraçado comparar com Monster de Kanye West)
Para todos os que têm mente aberta para boa música.


7.2 (de 0 a 10)


Pedro Ramalhete

Depois da sabedoria de Chelas, a sabedoria de Almada

O Povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem portugueses, só vos faltam as qualidades.
António Vieira

Frase da Semana

Não há ninguém que goste mais de ti que tu própria. Eu sei que custa muito ouvir isto, eu sei que custa...

Retenho de uma conversa entre duas adolescentes na rua. Não dispenso uma ou outra leitura, mas a sabedoria de Chelas é quase suficiente.
António Vieira

quarta-feira, 30 de março de 2011

Los Hermanos


Deveria começar por apresentar a banda, não é? Contar a habitual história da metamorfose ocorrida após o estrondo sucesso com a canção mais pegajosa de 1999: Anna Julia. Bloco do Eu Sozinho, segundo e, talvez, melhor disco da banda brasileira Los Hermanos, ocuparia o resto do meu comentário numa espécie de crítica. Estou certo que se me propusesse falar sobre a banda de Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante há uns meses sairia algo com esta estrutura. Ignorava o 4, último disco da banda – porque ouvira, bocejara e nunca mais lhe tocara (mais-que-perfeito, este pedaço de prosa). No outro dia estava suficientemente mariquinhas para, com o rigor que só um mariquinhas pode ter, avaliar este disco dos Los Hermanos. Mariquinhas? Percebam: sensibilidade e calma. Perceberão ainda melhor lá à frente. Hoje não é mais um objecto inferior. São mesmo quatro os discos dos Los Hermanos, e actualmente ouço três deles. Porque já ouço o 4.

4

Os jovens portugueses têm uma resistência ao sotaque brasileiro. Telenovelas? A música “brega” importada? Jogadores de futebol? (Incompreensível: ouvir o Luisão é das melhores coisas que levo desta vidinha.) Estou a tentar explicar a falta de entusiasmo recebida sempre que tento apresentar os Los Hermanos, ou a sua maior e melhor parte (toda a gente conhece o êxito Anna Julia). Hoje não insisto, nem me incomodo com a desconfiança. Saber lidar com as resistências dos outros é reconhecer as nossas próprias resistências. E se com outra banda este discurso é tão óbvio que vira deprimente, com os Los Hermanos é apropriado. Comigo a paixão foi imediata, tal como a vergonha de sair com eles para a rua de braço dado (as raparigas sentem o mesmo em relação a mim, tirando a parte da paixão). "Vergonha de quê?", pergunta o único leitor que ao olhar para o tamanho do post decidiu continuar. "Eu acho o Jon Bon Jovi um grande compositor. Todo o meu lado melodioso, a minha procura pela melodia bonita, eu devo ao Bon Jovi, ele foi o meu alfabetizador musical.", disse Marcelo Camelo numa entrevista. Isto assusta, não assusta?


Sentimental, álbum Bloco do Eu Sozinho (2001)

Volto à ideia: os Los Hermanos são uma banda mariquinhas. Curiosamente a coragem que lhes reconheço depende desta avaliação. Paira no ar a ideia de que quase caiem num romantismo cujo romantismo é pouco apreciável. Aquele que os minimamente exigentes rejeitam, porque é fácil, não dá respostas, não alimenta um reconhecimento estimulante, não nos deixa a pensar nas palavras porque são só palavras iguais às palavras mínimas que trazemos connosco para a vida. Também não procuro esse romantismo no trabalho de quem quer cantar sentimentos. Só não alinho nos exageros da exigência (que tal isto?). As canções têm palavras e sons. Por terem também sons, e principalmente por esses sons constituírem o seu âmago, uma canção não é um poema. Esta questão mereceria outro post, porque nada tem que ver com os Los Hermanos. Eles oferecem-nos letras excelentes: não dão respostas (ninguém dá, por isso aqui nada muda), alimentam um reconhecimento estimulante (ou estimulam a imaginação), deixam-nos a pensar nas palavras, mas, mais do que isso, entregam-nas com respeito pelo seu verdadeiro propósito. Id est, embrulham-nas num ambiente musical irrepreensível. São uma grande banda; cumprem os requisitos para serem uma grande banda; e há grandes bandas que arriscam mais o estatuto de grande banda. Mas como o destino é infame olha-se para eles e avista-se sempre aquela linha ténue que separa o “bom” romantismo do “mau”. Tanto quando descrevem uma relação, como quando pegam numa guitarra para o mesmo efeito.


Exemplo de coragem
Mais uma canção, álbum Bloco do Eu Sozinho (2001)

Felizmente, desde Bloco do Eu Sozinho, nunca caíram em sentimentalismos embaraçosos, nunca deixaram de ser bons. Quem considera o contrário está confuso - não tem sensibilidade para perceber que apesar da fronteira existir, torná-la nebulosa sem nunca desrespeitá-la é mestria daquela digna de mestres. Esta ideia da fronteira no trabalho dos Los Hermanos não tem aqui a sua principal utilidade.


Eu sei como é doce te amar, o amargo é querer-te pra mim
Condicional, álbum 4 (2005)

A hipótese "trabalho de laboratório" é absurda para descrever a obra dos Los Hermanos. A aproximação entre o rock e a música popular brasileira não me parece ter sido um objectivo, um fim que eles tenham perseguido, a concretização de uma ideia ao jeito de João Aguardela (se sim, o trabalho do português será sempre mais ambicioso pela distância a que se encontravam as duas realidades que quis unir). Só isto: a música brasileira (ou a música brasileira criada por esta banda) gosta mais dela própria - brincando com o nome de um projecto de Tiago Pereira, realizador do documentário Tradição Oral Contemporânea com B Fachada. João Gilberto influenciou mais Marcelo Camelo que os Beatles, e inconscientemente deu-se a aproximação. No álbum 4 essa aproximação atinge a perfeição.  Alguns brasileiros imploram: "não me enche o saco com essa história de morenas, 'tá bom?" Por isso consideram 4 tedioso (ou pela sua coesão). É, para muitos, o culminar do processo que aproxima a banda da ideia de "seca". À primeira audição o meu veredicto encaixava-se nessa crítica.  Nunca os Los Hermanos se levaram tanto a sério como neste disco. Com calma acabamos também por admitir  que nunca como no 4 aquelas barbas lhes assentaram tão bem. Estão sábios; capacitados para dar um passo em frente. E 4 é um passo em frente, ainda que para o fim. Aí chegados as barbas não nos apresentam uns náufragos. Chegaram ao leme da embarcação e orgulhosos do percurso. Este álbum de 2005 lembra a tendência actual das músicas levadas ao Festival da Canção em Portugal (embora este ano tenha notado o esquecimento dessa fórmula). Mar, mar, mar. Não se faz a apologia do mar como no Festival, mas há mar. Quando há "ilha", "farol", "cais", "barcos", ou quando, sem referências (a maioria, até), cheira-nos a praia (não a Sasha Beach). Uma viagem vagarosa até o vento soprar um pouco em O Vento e agitar a embarcação durante duas músicas: Horizonte Distante (ouço Neutral Milk Hotel aqui, para meu rejúbilo) e Condicional. Com arranjos muito bonitos, este é um álbum extraordinário - que expectativas tinham quanto às minhas críticas?


Anna Julia, álbum Los Hermanos (1999)

"Entretanto descobri também que tenho ciúmes dos Los Hermanos. Tenho ouvido o disco ao vivo e é no mínimo arrepiante ouvir aquele público. Quero aquilo para mim!", disse Hélio Morais dos Linda Martini ao Bodyspace. Compreensível. Eu que não sou nada deste tipo de manifestações chego a invejar aquela gente. E um dia cantar assim, sem vergonha na cara, as Annas Julias da nossa vida só poderá significar sucesso.

Ouçam os brilhantes Bloco do Eu Sozinho, Ventura e 4. Para constatar a evolução ouçam também o primeiro. Ouçam tudo, se faz favor.

António Vieira   

Frases Bonitas II

O DN julga que aquelas citações por cima do nome do jornal disfarçam tudo?
António Vieira

terça-feira, 29 de março de 2011

"Quem espera sempre alcança"

O vídeo que se segue pode conter imagens impróprias para aquelas pessoas que costumam "comer e chorar por mais [fast-food]":


(Ver vídeo)

Este momento, totalmente legítimo, é da autoria de uma madame americana de 31 anos, que, farta de esperar, começou (logicamente) a partir o restaurante Burger King e a agredir os seus funcionários.

É que isto há com cada uma? Quer dizer...as pessoas que vão a estes estabelecimentos esperam (e exigem) um atendimento rápido. Obviamente que, se não são rapidamente atendidas, ficam chateadas. Muito chateadas.

Aliás, pegando neste exemplo, de hoje em diante, a senhora da frutaria ali de baixo passa a saber que comigo (sem acentuação no "o", senhor) tem que se por a pau. Caso contrário, acho que corre o risco de ver no seu estabelecimento pessoas (e senhores) à batatada...

Já agora, queria ainda referir que fico muito reconfortado ao ver estas imagens de troca de carícias entre clientes e empregados. É bom saber que as pessoas se tratam tão bem ...

André Santos

Escatologia

   Digo, desde já, que este assunto é demasiado delicado. Peço ao leitor compreensão. Não tenho síndrome de tourette, mas prometo que vou asneirar o mais que puder e ser arrogante, talvez desassisado. Contudo, não se pense que isto é uma anedota.
   Estão três pessoas à frente de uma televisão: um coprólogo, uma actriz de revista e um miúdo fascinado pelo apocalipse. Sim, são uma família. Como qualquer família normal, comem em frente ao televisor. Não há diálogo possível, pois assiste-se ao fabuloso programa “Bora lá Marina”.
“Cócó xixi, pilinha pipi!”.
   Os graúdos riem-se; o miúdo, envergonhado, vai para o quarto a correr da forma mais melodramática que se possa imaginar. Em pleno trote disléxico, pensa: “Eu sei que trabalham ambos no meio de merda, mas rirem-se da Marina Mota ofende-me. O que é que eu fiz para merecer isto?”. O rapaz de cujo nome me esqueci, apesar de ser mais burro que o Cláudio Ramos, sente-se um sábio (crème de la crème) ao lado dos pais.
   Ter um pai que passa o dia a estudar excrementos e uma mãe que ganha dinheiro a bracejar “manguitos” para uma plateia de imbecis é difícil. Deprime. Este mundo, conservador, ainda não aceita estas profissões: “olha, lá vai o filho do gajo que é perito em escatologia! Devia ter vergonha.”. Imagino o sofrimento de um filho cujo pai tenha de ganhar dinheiro a estudar fezes humanas. Deve ser uma merda (humor demasiado escatológico?).  
   O puto nunca leu a Bíblia, a teologia pouco lhe interessa. No entanto, não há pessoa mais devota do que ele quando se fala sobre o fim dos tempos.“Gostava de ler o Apocalipse”, pensa ele, preso no seu cubículo intelectual. Estes pensamentos, aleatórios, penetram-lhe na cabeça enquanto ouve, lá ao longe, a voz estridente de Marina Mota: “Feitiozinho de merda!”
   No cimo da prateleira está uma Bíblia poeirenta. Sim, vamo-nos focar na igreja católica (ninguém quer saber da visão apocalíptica das outras religiões). A curiosidade invade o rapaz. Pega no melhor livro de ficção de todos os tempos, e começa a passear pelos versículos finais. “Isto é mesmo bom!”, exclama completamente extasiado.  Devora uma página atrás de outra, ao mesmo ritmo que os senhores seus pais arrotam o alfabeto, em uníssono (escatologia também é diversão).
   Escusado será dizer, que a intepretação de um miúdo de treze anos da Bíblia é semelhante àquela que Charles Manson fez da música Helter Skelter. Mesmo assim, penso que  adorar o fim do mundo faz mais psicopatas do que a música dos Beatles. Ah! Já me esquecia. O humor de revista -Marina Mota, Carlos Cunha e o resto da corja-, cujas frases acabam sempre em alho e ona, também é um catalisador para a psicopatia (escatologia também é miséria). 
   Mas, visto que o limite de caracteres escasseia, vou directo ao assunto. O filho, armado em Bruce Willis, numa sequência de Pulp Fiction, empunha uma espada de samurai, que estava, tal como a Bíblia, no cimo da prateleira. Num bilhetinho escreve, toscamente: “toda a merda merece um apocalipse” (escatologia também é loucura). Qualquer pessoa, com dois dedos de testa, que leia isto percebe o que está para acontecer.
   Escalpes a voar, sangue a jorrar como se de um repuxo se tratasse e vísceras na parede. Inspirado nos filmes mais ferozes de Tarantino, cria-se um cenário escatológico. O miúdo teve o que queria: pôs termo ao sofrimento alegre da sua família e teve o seu próprio apocalipse (escatologia também é moral).  
   Não, a palavra que eu escolhi não foi “violência”, nem “demente”. Perguntam-me agora: “o que é que este delírio tem que ver com escatologia?”. Há pistas no texto, por isso, vejam no dicionário.    


Como os Senhores nunca falaram da Marina Mota decidi colocar aqui o meu texto da palavra, que fiz para a cadeira de TEP.

Pedro Ramalhete

Com espaço para um só fenómeno

Portugal é um país sem espaço. Os portugueses não dão espaço. Há Cristiano Ronaldo, não há outro desportista. Há Gato Fedorento, não há outro programa de humor. Há Tony Carreira, não há outro cantor de música popular para quarentonas com a sensibilidade dos adolescentes, reformados e restantes que gostam dele. Há José Sócrates, não há outro saco de pancada. Há Soraia Chaves, não há outra actriz com seios no seio do nosso cinema. Há uma telenovela, não há... Vá, não se aplica a tudo. Existe um fenómeno que concentra atenções e tende a secar o terreno no que diz respeito à atenção mediática. Sou todo a favor de Cristiano Ronaldo, Gato Fedorento ou Soraia Chaves. A culpa é apenas desta tendência portuguesa, que, aliás, encontra paralelo nas localidades do interior ou nos bairros da cidade.
Para a nossa comunicação social há "o" violador de Telheiras, e não "um" violador de Telheiras. Telheiras até poderia ter outro violador, tal como Santa Comba Dão outro serial killer. Subestimar os sítios não me parece correcto. Assim duvido muito que os outros violadores a fazerem carreira em Telheiras sintam vontade de continuar. Se desistirem será mesmo a segunda consequência positiva desta tendência. A primeira é a conservação do lado pitoresco dos lugares. Tem que ver com o cumprimento de uma determinada função dentro da comunidade. O polícia de Telheiras, o sapateiro de Telheiras, o alfaiate de Telheiras, o médico de Telheiras e, está claro, o violador de Telheiras. Problema é existir vilas no interior do país com violador, mas sem médico. Mau para todos. Mau para as vítimas e para o próprio violador. O de Telheiras, por exemplo, terá de tomar medicação para o resto da vida por causa de uma eventual "recaída" (cito o advogado do violador de Telheiras, ou advogado de Telheiras). Compreendo que alguns homens (normais) a partir de certa idade tomem medicação para evitar recaídas. Em relação a um violador tenho as minhas reticências.
António Vieira  

segunda-feira, 28 de março de 2011

Jogo Didáctico III - Resolução

 
A resposta correcta é a alínea d). A relação entre estes dois animais é a que se explica de seguida:
 
"Ovelha dá à luz cria que se parece com cão
 
Aconteceu na província de Shaanxi, na China. Uma das ovelhas de um agricultor deu à luz um filhote que se parece não com uma ovelha...mas com um cão.
 
Liu Naiying contou à imprensa britânica que estava a andar pelos seus campos quando se apercebeu que a ovelha tinha dado à luz. "O cordeiro ainda estava molhado", disse.
Porém, quando se aproximou notou algo diferente na aparência do filhote.
"Fiquei chocado, pois parecia estranho, uma espécie de cruzamento entre uma ovelha e um cão", afirmou Liu."
  
Mãe e filho. Quem diria?
Os Senhores desejam  felicidades ao novo rebento e esperam que, num futuro próximo, o pai (cão) assuma as suas responsabilidades perante a mãe (ovelha).
Já é tempo de dizer basta a estes "animais" que engravidam as moças e depois não assumem as suas responsabilidades.
 
(A todos os que acertaram os meus parabéns! Aos que não acertaram, desejo melhor sorte para a próxima.)
 
                                                                                                                André Santos

Frases Bonitas

Aquelas frases na estação de Metro do Saldanha são mesmo necessárias? Escutem, as estações de Metro são como as apresentadoras do Fama Show: não se querem sábias nem eruditas.
António Vieira

Amêijoas à Bulhão Pato

Ingredientes:

  • 1 kg de amêijoas
  •  2 colheres (sopa) de azeite
  • 2 dentes de alho
  • 1 limão
  • 1 raminho de coentros´
  • sal e pimenta


Preparação:

Arranje as amêijoas, pondo-as de molho em água com bastante sal . Lave-as em várias águas para largarem a areia.
Leve ao lume o azeite, deixe aquecer e junte os dentes de alho picados. Deixe alourar um pouco. Introduza as amêijoas e os coentros finamente picados e tempere com sal e pimenta. Mexa o recipiente de vez em quando. Quando todas as amêijoas estiverem abertas, regue com o sumo de meio limão.
Sirva, como entrada, com o restante limão cortado em quartos.


         

domingo, 27 de março de 2011

A Senhora Pedagogia

Ensinem aos vossos filhos que não se disputa.

Pedro Ramalhete

Jogo Didáctico III


Qual a relação existente entre estes dois animais?
  
   a)Vizinhos;
   b)Conhecidos;
   c)Inimigos;
   d)Outra extraordinariamente interessante;

A resposta a esta questão será dada numa próxima oportunidade.

André Santos

Jogo Didáctico II - Resolução


A solução que merece refutação da minha parte baseia-se na possibilidade de defecar num canto, atraindo as moscas para lá e deixando assim o caminho livre. Não! Apesar deste animal sentir uma forte atracção por excrementos, duvido que alguém conseguisse defecar o suficiente para concentrar milhões de moscas num só sítio. Mas tenho-me apenas como exemplo; admito que existam capacidades humanas de outra natureza.

O indivíduo está colado a uma Bubblicious gigante de menta e não consegue sair de lá. Classifico, aliás, essa libertação de impossível. Para quê forjar soluções quando se está submisso à superioridade duma pastilha elástica?


António Vieira

Entreguemos 2011 às Senhoras


Anna Calvi, Anna Calvi 


PJ Harvey,
Let England Shakes

Em breve comentários aos discos nos Senhores da Rádio. 
António Vieira

Correção

Vamos fingir que o acto eleitoral no Sporting correu muito bem e não houve nenhum engano à última hora. Assim, o meu último post mantém-se e a piada fica no ar. Realmente, é uma maneira espectacular para começar do zero: voltar à mesma desorganização.


Pedro Ramalhete 

É só mais um começo com teus dentes no chão


Sim, sou benfiquista. Mas não gosto de ver o Sporting a jogar futebol de praia num campo de onze para onze.
Esta esperança sportinguista faz-me lembrar a eleição do Obama. Desta vez o lobby usado não foi o dos "negros", mas sim o dos "vozes de bagaço". Repare-se que Bruno de Carvalho foi negociar à Rússia um fundo de 50 milhões. Neste fundo vinham incluídos: 500 mil garrafas de Vodka, um pedaço do nariz de João Garcia, que tinha ficado na Sibéria e o melhor jogador dos montes Urais da actualidade.
(Parvoíces à parte) O Sporting corre sérios riscos de cair e duvido muito que seja o Bruno de Carvalho a mudar a situação. Qualquer dirigente que vá para o Sporting nesta altura arrisca-se a ir para a fogueira, mas pode ser que esteja errado. Espero, pelo menos, que seja o Bruno de Carvalho a tirar o azul tingido da camisola leonina.


Pedro Ramalhete

sábado, 26 de março de 2011

Jogo Didáctico II


Quatro saídas, quatro perigos: trezentos elefantes; igual número de lobos; trezentos e dois leões e, por último, biliões de moscas altamente perigosas. Qual escolherias para seguir o teu caminho e abandonares aquele local? A solução será divulgada, à semelhança do que se passou no outro jogo didáctico, numa próxima mensagem.

António Vieira

Magnolia

O melhor filme de sempre sobre pessoas.
Magnolia, obra-prima incontornável do cinema moderno, reforçou o papel do caleidoscópio como método por excelência. As câmaras sempre em movimento, claramente influenciadas por Max Ophuls e Jean Renoir, exploram a vertigem, que é viver no limiar da solidão. O jogo de coincidências inicial é qualquer coisa de fabuloso, sendo um mote excepcional para aquilo que se segue. A banda-sonora de Aimme Mann entranha-se acentuando a dor destas personagens frustradas e tremendamente infelizes (o momento de videoclip Wise Up é bastante emotivo). Vemos Magnolia e o tempo passa num instante, mesmo que sejam duas horas e meia de pura angústia. No fim há sempre aquela esperança pueril, mas até lá chegar é preciso desbravar uma estrada densa e auto-destrutiva. Ser humano exige um esforço hercúleo e um olhar irónico sobre a vida. Constata-se ao ver as personagens de William H. Macy (o antigo puto maravilha) e de Tom Cruise ("Respect the cock! And tame the cunt!") que a vida é mesmo maldita. A certa altura damos por nós com um sorriso amarelo.

Paul Thomas Anderson (PTA), o realizador de Magnolia, é um grande amigo de Quentin Tarantino. Juntos revitalizaram a cena indie americana, com argumentos minuciosamente concebidos e estética deslumbrante. Foi um movimento que se criou involuntária e informalmente, mas que definiu uma geração. Magnolia é claramente a obra-prima de PTA. Contudo, não se esqueça Sydney, Boogie Nights, Punch-Drunk Love e There Will Be Blood, obras que redefiniram o conceito de arte de diferentes formas. Filmes marcadamente irreverentes. Uma inspiração. Um ídolo.
Este realizador, camaleónico e sobre-dotado, escreveu o seguinte aos sete anos de idade: 
"O meu nome é Paul Thomas Anderson. Quero ser argumentista, produtor, director de fotografia, realizador, técnico de efeitos especiais. Sei fazer tudo e sei tudo. Por favor, contratem-me.", 
 Escusado será dizer que conseguiu o que queria...  




10 (de 0 a 10)

Pedro Ramalhete

Arte Púb(l)ica

Cristo com genitais à mostra choca Espanha

"Uma estátua de Jesus Cristo nu, com os genitais expostos, está a chocar a Espanha.

A escultura, da autoria de Ricardo Flecha, encontra-se no Museu da Cidade em Medina del Campo, e deve constar nas procissões deste ano da Semana Santa. (...) [A] solução deve passar pela inclusão de um pano durante a cerimónia religiosa de 9 de Abril."


Sem grandes comentários devido à delicadeza do assunto em si, há que enaltecer que, mesmo em época de crise, há quem (ainda) procure inovar ...

André Santos

Entre o Sono e a Vigília

A Zona de Sandro Aguilar 
Hoje às 22h 40m na RTP2

"A perda é o ponto de partida para um filme em que a narrativa é muito pouco convencional e em que as personagens parecem anestesiadas pela dor.."





Se não virem não são portugueses...

Pedro Ramalhete

Intermitências da Morte

Para evitar confusões proibiram os óbitos em Óbidos.
António Vieira

sexta-feira, 25 de março de 2011

A maçã podre

No Sporting, saiu, esta época, o capitão João Moutinho. Na altura da sua saída, foi-lhe colocada a "etiqueta" do rapaz (maçã podre) que "dava cabo" do pomar, que, para alguns, crescia e respirava saúde em Alvalade.
Hoje, constato que nem João Moutinho era o culpado da destruição das colheitas por aquelas bandas, nem os espantalhos que lá residem conseguem mandar para longe as verdadeiras pragas que por lá continuam a passear e a destruirem os campos verdes daquela zona da capital.



Na política vivemos, hoje, uma situação semelhante. Muitos pensam que mandaram a maçã podre para a borda do prato e que o nosso pomar vai rejuvenescer. Infelizmente, para o nosso país e para os Senhores, ainda não perceberam que o novo cenourinha do pomar (uma das grandes pragas que, nos últimos tempos, ajudou a arruinar a maçã que agora caiu da árvore, após tantos e tantos safanões para que o seu destino fosse, inevitavelmente, este) mais não será que o maior lavrador da história do nosso país desde que o saudoso monarca D.Dinis nos abandonou.
Diferenças entre os dois? Claro. Enquanto D.Dinis, O Lavrador, tinha dotes para plantar (Leiria é um bom exemplo da sua obra), o novo cenourinha surge (aos meus olhos) com aptidões para nos enterrar.


"lol" (a terapia da fala parece começar a surtir alguns efeitos)

André Santos

Mexia nas ideias do Pedro

Quando um «pequeno» elimina um «grande» na Taça de Portugal (...) diz-se que «aconteceu Taça». Ou seja: que se concretizou o objectivo dessa competição, que é supostamente fazer com que clubes de diferentes dimensões se encontrem, possibilitando jogos inéditos e algumas surpresas, que vão acontecendo de vez em quando. 
Na vida sexual das pessoas é que poucas vezes «acontece Taça».

É verdade que as mulheres (ao contrário dos homens) não se importam em jogar com clubes de outras divisões. Às vezes, com as mulheres, «acontece Taça». Mas convém não esquecer que a Taça é um sorteio, ou seja, um jogo de acaso.
(No blogue, entretanto falecido, Estado Civil.

Vai-te lixar, Pedro Mexia! Roubar teorias que eu guardava religiosamente nos meus cadernos é de muito mau tom (mesmo que tenhas escrito em 2007 e eu em 2009). Sou um jovem, preciso destes pequenos estímulos. Já que nunca chegarei ao teu nível de erudição e sabedoria, podias, no mínimo, guardar as analogias com o futebol para mim.
António Vieira

quinta-feira, 24 de março de 2011

"Sete cães a um osso"


Cada vez que vejo um enorme aglomerado de pessoas (portugueses em particular) em torno de algo, pergunto-me:

"Mas (es)tão a dar alguma coisa?"


Não sei se este é um pensamento que ocorre apenas comigo (sem acentuação no 1º"o", senhor twitteiro), porém, na dúvida, e como português que sou, acabo sempre por intrometer-me no meio da multidão para verificar se, de facto, não estão a dar qualquer coisita ...

André Santos

André Sardet

Neste momento de fraqueza para o Windows Live Messenger a possibilidade de saber aquilo que o outro está a ouvir pode não beneficiar em nada este programa de conversação.

António Vieira

Declaração de intenções

Num espaço de cinco minutos li estas duas frases:

Amar-me é ter pena de mim. Um dia, lá para o fim do futuro, alguém escreverá sobre mim um poema, e talvez só então eu comece a reinar no meu Reino. (Bernardo Soares, Livro do Desassossego)

A ex-"moranguita" decidiu fazer uma lipoaspiração à barriga e às pernas, no passado dia 15, na mesma clínica onde a ex-concorrente da Casa dos Segredos colocou implantes mamários. (TV 7 Dias)

O caminho é este.
António Vieira

A Senhora Música Portuguesa - Feromona

Se perguntarmos na rua ainda poucos conhecem B Fachada. O músico de Cascais (palpito que as tias emprestem-lhe peças de roupa em desuso) é subvalorizado? Não me parece. Curiosamente, em relação à sua música, discute-se mais a suposta sobrevalorização – neste caso, sem perceberem, os haters valorizam. Sobre ele uma última nota antes de avançar: constitui o melhor que aconteceu à pop portuguesa desde qualquer outra coisa sucedida lá para trás.
Se perguntarmos na rua, e se tivermos azar no dia, ninguém conhece os Feromona. Aqui já há subvalorização. A falta de atenção dada pela imprensa e o desconhecimento mostrado pelos jovens mais atentos são gritantes – é paradoxal ser atento e ignorar os Feromona, mas sigamos em frente. Tal como Nuno Prata (baixista dos Ornatos Violeta) a banda lisboeta sofre por ser discretíssima, e só a sua qualidade indiscutível quebra os efeitos dessa particularidade. Porquê o desdém quando esta deveria ser a banda de toda uma geração?
Uma Vida a Direito (2008) soube ser download gratuito. Se ninguém conhece os Feromona, ninguém dará nada pelos Feromona. Nos tempos actuais esta seria a melhor gestão das estreias. A natural sinceridade, por vezes cruel, já se fazia adivinhar por aí. Na música as guitarras confirmam a secura da banda, que apesar do lirismo recomendável, tem como tentação principal cantar umas verdades atravessadas (apontar para a garganta) há algum tempo e não quer que o ouvinte se alheie muito delas. Aceitam a influência dos inevitáveis Ornatos Violeta, mas rejeitam o romantismo à flor da pele de Manel Cruz e quaisquer artifícios sonoros que mostrem ambição. Acabam por incentivar mais à letargia de um olhar mordaz que a um grito de revolta efectivo. São os maiores, portanto. Conservadorismo? Não se trata disso. É um meio-retrato da nossa geração – uma geração desiludida, mas não tão corrosiva. Por isso o encanto pela facilidade dos Deolinda (nada contra). Precisamos dos Feromona, e Desoliúde (2010), segundo disco, mereceria ser ouvido por todos os jovens portugueses. E quando há um tímido murro na mesa melhor ainda:

"Agora aqui é sempre a mesma pobreza, a mesma desistência. Até as vitórias são forjadas. E nem as derrotas são feitas de dor genuína. Como é que uma pessoa pode sentir dores a sério se isto, nada disto é a sério, nada acontece, e as coisas que surgem são imitações das verdadeiras coisas? Isto não é Hollywood, bebé..."
(Isto não é Hollywood, álbum Desoliúde)


Psicologia não teve o reconhecimento de Amor Combate dos Linda Martini, de Vá lá Senhora! d’Os Golpes ou de Dona Ligeirinha dos Diabo na Cruz, e é uma pena. A melodia desorientada é uma fabulosa cama para a crítica feita aos desorientados só porque sim. De todas as novas bandas portuguesas os Feromona são definitivamente a minha preferida. E mereceriam muito mais que este tosco comentário.

António Vieira
 

quarta-feira, 23 de março de 2011

Matar o susto

Um homem chamado Fernando quis assustar um amigo chamado Mateus, durante a noite de domingo em Resende. A notícia é que Mateus, pensando estar a ser alvo de um assalto, disparou pela janela e atingiu mortalmente Fernando. Sempre disse que uma festa de anos surpresa pode virar um genocídio. Aguardo agora pela tardia aceitação dessa minha teoria.

Apesar da morte Mateus curou os soluços de que se queixava ao amigo, minutos antes, por telefone.

António Vieira

Estado de Sítio: A Cabeça do Porco

O meu forte nunca foi a política. Aliás, nunca me interessei. Chamem-me irresponsável, imaturo ou idiota. Eu sei que a política é a base de muita coisa, mas o problema é que não me identifico com nenhuma ideologia política. Contudo, acompanhei com relativa atenção o debate na Assembleia da República (AR).
Os socialistas, em tom de despedida, enalteceram todos os seus feitos gloriosos. A oposição, entre apupos e risos irónicos, mostrou que será a próxima salvadora da pátria. A conclusão a que cheguei é que ninguém nos vai salvar. Somos um povo ignóbil, sem emenda e preso numa tautologia repugnante (daqui a uns tempos veremos isto a repetir-se, mas com Passos Coelho no poder).

Era aqui que queria introduzir a analogia ao livro O Deus das Moscas, de William Golding. A cabeça do porco, infestada de moscas, representa todos os poderosos de Portugal. A maldade inerente à personalidade de muitos homens é o verdadeiro demónio que corrói a política. Porque é que fascismo e comunismo nunca resultaram?
A loucura colectiva será despoletada, em pouco tempo, pelo egoísmo destes tipos que têm poder. Estamos a viver numa selva, como os miúdos de O Deus das Moscas, à mercê dos nossos instintos. A luta pela sobrevivência dos mais ricos apodrece os valores civilizacionais.     



"O que é melhor... ter regras e respeitá-las, ou caçar e matar?"
                                                                               - William Golding, in Lord of the Flies

Já nem sei...

Pedro Ramalhete

Alimentos radioactivos

Foram encontrados alimentos com radioactividade a mais de 30 km da central nuclear de Fucoxima 1. Contactado pelos Senhores da Rádio o governo japonês desvalorizou a situação, afirmando que a prioridade para a saúde alimentar dos japoneses é controlar o crescimento da McDonald's no país.  
Para o executivo tudo não passa de uma questão cultural: abóboras gigantes e outros legumes deformados até são valorizados no Entroncamento, em Portugal. O que alguns vêem como um acidente nuclear pode ser para certos agricultores frustrados uma porta para o Guinness World Records.

Figura 1 - A elevação deste blogue já é ironicamente comentada nos corredores da Escola Superior de Comunicação Social.

 António Vieira

terça-feira, 22 de março de 2011

Angles


O que é que esperas dos Strokes? Sinceramente só isto. A minha esperança no conjunto enquanto grande nome do futuro há muito que morreu, e o disco a solo de Julian Casablancas, Phrazes For The Young, só acentuou essa expectativa - exactamente por ser uma edição bem bonitinha e recomendável. 
Sobre The King of Limbs dos Radiohead escrevi no Facebook: "Sempre me pareceu mais interessante confrontar o trabalho de bandas diferentes do que os diferentes trabalhos de uma banda. Talvez por isso seja todo a favor do novo dos Radiohead." Não escondo a alegria quando o meu MediaMonkey passa automaticamente da última canção de AnglesLife is simple in the moonlight (já lá vou), para Is this it. Essa alegria só se completa, contudo, quando vou ouvir a estreia dos Smith Westerns (Dye it Blonde foi conselho do Senhor Pedro Ramalhete). Porque Angles é mais um disco de 2011. Foi editado por uma grande banda, mas isso não o livra de ser um disco a mais. Também não o condena ao estatuto do último dos White Lies. Descansem, fãs mais devotos - menos os que gostaram do Ritual dos White Lies (nesses casos não consigo prever opiniões).
A capa sufoca-me - sufoca-me ainda mais que esta; sem ter tantas razões para isso. O disco concretiza essa impressão com um um início acolhedor (Machu Picchu, Under Cover of Darkness) que mais não é que uma cilada para que caiamos num sufoco só interrompido quando a canção Life is simple in the moonlight aparece para nos puxar por um braço. Esta aflição não é da boa, como aquela que Kid A nos oferece a cada audição. Ou será que só a chamo de aflição porque gosto dos Strokes e até temo o seu presente?
Dar positiva depois deste comentário (não lhe chamemos crítica; a nota constitui diversão) é contrariar o que escrevi sobre o álbum dos Radiohead? Talvez, mas isso foi escrito no Facebook...

5.3 (de 0 a 10)
 António Vieira

Artur Agostinho (1920 - 2011)

Hoje morreu um Senhor. Descanse em paz.

Inovadoras formas de protesto

Um acidente de viação ocorreu, ontem de manhã, por volta das nove horas, na entrada do Instituto Politécnico de Lisboa (IPL), tendo-se registado, ao que os Senhores apuraram, apenas danos materiais.

O automóvel em questão, um Toyota Yaris cinzento, terá ido de encontro à zona das cancelas que dão acesso ao parque de estacionamento do IPL. A polícia, que esteve no local, constatou o "belo" estado em que ficou a viatura:

(Foto Senhores da Rádio)

Terá sido este o inicio de uma onda de protestos levada a cabo devido à instituição de um pagamento anual de 12€ pelo estacionamento no parque do IPL? Neste momento díficil, os Senhores apelam à calma, até porque, apesar de ser valorizado o espírito criativo do automobilista na sua acção de protesto, tendo em conta o estado em que ficou o Toyota, acho que seria melhor optar por outros meios de protesto. Não acham?

Eu, pelo sim pelo não, vou preferindo o comboio. Acho que fico mais precavido de ser afectado por algum destes incidentes, se bem que, ultimamente, face às constantes "folgas" tiradas pelos funcionários da CP, há uma grande probabilidade de nem ao risco de andar de comboio me poder sujeitar...


André Santos

segunda-feira, 21 de março de 2011

O que faz falta é


Oscar Wilde - I want to be a pop idol! (in Velvet Goldmine)

O que faz falta não é avisar a malta! A malta já sabe que o nosso cinema tem falta de tudo. O que faz falta é um pop idol, no cinema português. Não como a Lady Gaga, mas sim como David Bowie, Andy Warhol e Todd Haynes (já que falamos de cinema). É preciso fazer com que o nosso Major Tom, do cinema, ascenda aos céus.

Portugal precisa de filmes como Velvet Goldmine (vejam-no -melhor filme de sempre sobre música). A solução não é fazer o que já foi feito, nem fazer excrementos comerciais.

Não temos irreverência, ambição, nem imaginação!





Pedro Ramalhete (mais uma vez, a bater na mesma tecla) 

Rede Social

Bem sei que o Facebook não tem como primeiro propósito divertimento intelectual, contudo o mural das lamentações é um fenómeno só admissível nas adolescentes. O resto cairá sempre na inevitabilidade da análise estética. Amigos, não ceder a tentações é livrar-nos de tristezas adicionais.

António Vieira

domingo, 20 de março de 2011

English Level II

Ser abordado por pessoas estrangeiras é sempre uma diversão, pelo menos para mim. Hoje andava na rua, ali ao pé da Gulbenkian, e fui abordado por duas senhoras inglesas:

Inglesa - Where's the station?
Eu - What station?
Inglesa - Estación!
Eu - (risos) What station?

Impaciente a mulher finge que está a descer as escadas e a entrar numa carruagem de metro enquanto diz: "La la la la".

Eu - Era mesmo preciso o la la la? (para mim, claro)

A mulher continuou com estes devaneios até que eu, farto do enxovalho, lhe disse:

Eu - It's over there!
Inglesa - Gracias!

Meus amigos ingleses, vamos já meter isto em pratos limpos, eu frequento o nível dois de inglês, na ESCS, e posso não ser o Steve Jobs do inglês mas tenho a certeza absoluta que sei estabelecer conversas interessantes em inglês.
Agora falando a sério. Para os estrangeiros nós somos apátridas. Por exemplo, este verão fiz o interrail e fui de tudo menos português (espanhol, brasileiro, ...). Mas será que Portugal existe para eles? Temos cultura e história tão ricas, e somos tratados com todo o desprezo imaginável. O maior problema é que temos  de levar anos a fio com a língua deles na escola, e corremos sempre o risco de sermos humilhados, como eu.

Para todos aqueles que não respeitam a minha língua (português de Portugal) só tenho uma coisa a dizer:
 Pedro Ramalhete

Eu tenho duas Américas. De qual eu gosto mais?

Via Woody Allen no quarto quando a minha tia avisa-me da cozinha que estava a começar o Biggest Loser.
 

António Vieira (não, a assinatura  não é a legenda da figura...)

sábado, 19 de março de 2011

Eu enquanto Senhor

Além de ser o Senhor twitteiro por excelência (mesmo sem ter Twitter), revelo-me também aquele com as opiniões mais justificadas. Justifico tudo muito melhor.
Os outros dois alinham o texto à esquerda e toca a andar. 
António Vieira

What did you expect from The Vaccines?

What did you expect from The Vaccines?, um álbum feito, claramente, para corações partidos.
The Vaccines arrancam a todo gás com o ovni do álbum: Wreckin' Bar (Ra Ra Ra), uma epopeia à la Ramones. Segue-se If you Wanna que nos envolve num imenso turbilhão de sentimentos depressivos, mesmo que o ritmo seja electrizante. É nesta música que o álbum assinala a queda emocional. A dor e amargura de quem escreve as letras é definitivamente o ponto forte de What did you expect from The Vaccines? (a catarse apodera-se de quem o ouve). A nostalgia de A Lack of Understanding, Blow it Up e Wetsuit é interrompida abruptamente por Norgaard, música que nos dá sensação que há vida depois do fim da relação. A bipolaridade começa a ser evidente. E eis que chega a música mais icónica do álbum : Post Break-up Sex. O nome diz tudo. Rimar sex com ex torna-se anedótico, mas tremendamente eficaz. "Queremos ouvir mais!", gritamos nós depois de Post Break-up Sex (e dai talvez não). Mas a ruptura está para chegar. É com Under your Thumb que o álbum ameniza e passa para um registo mais baladeiro, quase romântico (excepção feita para a excelente Wolf Pack) . Nesta música canta-se a Eleanor: a musa europeia, o escape. Vão-se sarando as feridas até chegarmos a Family Friend, a música mais elaborada do álbum, que nos há-de transportar, numa apoteose fantástica, para um destino incerto.

Estes novatos não fogem à tendência, cada vez mais pirosa, do indie: músicas bem polidas, roupas bem engomadas e letras bastante sentimentalistas.
Um álbum que cai esporadicamente na banalidade, contudo é rico em sentimentos. Umas das surpresas de 2011


6.9 (de 0 a 10)


Pedro Ramalhete

Chocolate e cerveja

A central de cervejas lançou esta semana a nova Sagres Preta Chocolate, que pretende agradar o público feminino. Estes homens (os responsáveis pela Sagres) envergonham o género. A mulher que adora chocolates é diferente daquela que se delicia com uma, duas, vinte cervejas. Pode ser a mesma pessoa, mas as circunstâncias, quero acreditar muito, serão sempre diferentes. Misturar o chocolate com a cerveja para agradar as mulheres é diluir as minhas esperanças no sexo feminino enquanto entidade querida e fofinha. Sou todo a favor da revolução sexual, da libertação sexual enquanto fenómeno com pernas para andar ainda mais. Peço apenas que não se misturem domínios.
António Vieira

Descubram as diferenças

Hoje fui ver o filme The Rite, com Anthony Hopkins (filme medíocre). Entre muitos lugares-comuns e diálogos chatos explora-se o tema "exorcismo". Ficção ou realidade? Esquizofrenia ou mão de Belzebu?
Depois de ver a maquilhagem abusiva daquelas personagens possuídas cheguei a uma conclusão bastante simples: parecem aqueles senhores que fazem filas enormes para serem atendidos na carrinha da metadona.

Senão acreditam em mim reparem nas fotografias. De um lado uma drogada (desculpa-me Amy) e no outro a celebérrima Emily Rose (até já fizeram um filme).


Pedro Ramalhete 

sexta-feira, 18 de março de 2011

Ossos do ofício

Atente-se na notícia do jornal A Bola que expressa, de forma clara, o azar de um profissional do desporto:

"Aleksandar Stajonevic, treinador do Partizan, cumpriu promessa que fez e pagou a aposta perdida para o jogador Prince Tagoe, que lhe custou o carro.
O treinador explicou, esta sexta-feira, aos jornalistas sérvios que havia prometido dar o seu carro, um Renault Coupe, ao jogador, caso Tagoe marcasse dois golos no clássico contra o Estrela Vermelha.
O atacante marcou os dois golos que deram a vitória à sua equipa no jogo para a Taça Sérvia, disputado na última quarta-feira.

«A entrega do carro já foi efectuada. Durante o jogo, quando ele marcou o segundo golo, disse-lhe que só valia se a nossa equipa ganhasse. No final queria que o Estrela Vermelha empatasse só para manter o meu carro», brincou o técnico Stanojevic."


Ora, é nestas alturas que se vê que existem pessoas com muito, muito azar. Com tantos clubes por onde, provavelmente, poderia exercer a sua profissão o Sr.Aleksandar Stajonevic foi logo escolher um clube potencialmente vencedor como o Partizan.

Se, porventura, treinasse o Sporting CP nunca estaria sujeito a este tipo de dissabores ...

André Santos


Jogos Didácticos - Atenção!

Crianças que lêem este blogue, só os clérigos dos jogos são desprovidos de mãos. Os de carne e osso têm extremidades e sabem usá-las.
António Vieira

Preconceitos em relação a um acidente nuclear

Os bebés japoneses não nascerão com os olhos redondinhos a partir daqui.
António Vieira

Jogos Didácticos - Resolução


“Como é que podem dar as mãos se só existe um Papa no mundo?” - não, não é uma resolução válida. Primeiro porque não aceito questões como respostas. Em segundo lugar já existiram efectivamente dois Papas: um em Avinhão e outro em Roma. Até três, devido ao mesmo cisma. 
A solução é mais simples: eles não têm mãos, caro leitor.

“Mesmo se tivessem mãos, como é que o rio iria interferir no comprimento se eles são maiores que o curso de água?” Comprimento não, cumprimento, que estamos a falar de uma saudação e não de uma extensão longitudinal entre duas extremidades. Na língua não são vocês rigorosos, agora para me estragarem o jogo já têm jeito. Se formos pelo caminho da mesquinhez, o rio interfere realmente, pois duas pessoas que não têm pés, olhos, boca, nariz e orelhas já devem sentir dificuldades num terreno sem obstáculos, quanto mais com um rio pelo meio. Não vamos por aí antes que estraguemos o jogo, ok? 
Pronto, está estragado.
António Vieira

quinta-feira, 17 de março de 2011

A Senhora Música Portuguesa

Começa assim a rubrica de música portuguesa dos Senhores cujo único objectivo é a divulgação e adoração do que é nosso.
Pólo Norte, Delfins, Santos e Pecadores e Paulo Gonzo ficam à porta.


Olhos de Mongol (2006) e Casa Ocupada (2010) são os álbuns de longa duração desta banda de Queluz. Sonoridades e letras arrepiantes são a imagem de marca dos Linda Martini, que neste Verão vão marcar presença no palco secundário do festival Optimus Alive!. 
Como costuma dizer o Senhor António Vieira: "quem nunca ouviu estes álbuns não é português".
Pedro Ramalhete 

Anita Guerreiro só faz amor em casa

O (grande) Correio da Manhã publicou, hoje, na secção "Vidas" aquele que será o artigo mais importante para a resolução da crise em Portugal. Ora vejam:  http://www.vidas.correiodamanha.pt/noticia.aspx?channelid=B2EEF6CE-6025-427C-89E6-4B71D15619D8&contentid=862B2252-7D91-4616-9800-5F4186FC951E
Anita Guerreiro, esse colosso do teatro português (risos), é confrontada pelo jornal com sete fabulosas questões. Uma delas explicita a sua vida sexual:

Local mais exótico onde fez amor?
- Só na minha casa.

O povo português enfrenta não só uma crise económica como também uma crise de valores. Já não há padrões. Este jornalismo é fantástico. A transmissão de ideias e imagens chega ao sublime. Mas que raio de mundo é este para se fazer jornalismo? 
Mais uma vez, os Senhores a prezarem pela elevação...

Pedro Ramalhete

Belos, belos foram os Diapasão

Concluí: as mulheres são impressionáveis - o próximo passo rumo ao sucesso será responder à pergunta "como?" Prova disso é as portuguesas considerarem quase sempre elogioso o comentário "Portugal também tem mulheres bonitas". Parece-me apenas um elogio às excepções. Como que uma constatação surpreendente - "A Etiópia também tem obesos!" Graças a Deus (ou ao user St0nE87) o Marante e os Diapasão estão no YouTube. Isto, sim, é homenagear a beleza feminina do nosso país. 


António Vieira

Jogos Didácticos

Recupero aqui uma ideia de um outro blogue criado por mim. Prova do meu excelente momento criativo.
Que se dê inicio aos Jogos Didácticos nos Senhores da Rádio. Já está? Ok.














Imaginando que os dois bonecos de cara branca são Papas (e não vítimas do processo Casa Pia a preferir o anonimato), como é que eles dão as mãos se têm um rio pelo meio?

A resolução será divulgada num próximo post.
António Vieira

quarta-feira, 16 de março de 2011

"Cavaquinho" sem cordas

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/politica/cavaco-mantem-silencio-sobre-situacao-politica

Não seria de esperar, face ao actual "ataque" à estabilidade governativa do país, algum comentário por parte de sua excelência?

Que tal uma "consultinha" de terapia da fala, Sr. Presidente?


André Santos

Não é estar a pedir comentários...

Depois disto e disto é normal que as pessoas esperem censura às suas intervenções. Vá lá, não hesitem. Queremos muito testá-la.

António Vieira (Isto vai ser sempre assim? Ou a qualidade  da escrita indicará logo o autor?)

O que é que os intelectuais vestem no Verão?

Hoje estava no autocarro a caminho de casa (como se isso interessasse) e vi dois homens intelectuais. Mas intelectuais porquê? Pois bem: um lia A Queda de Albert Camus e o outro exibia com toda a eloquência um cachimbo, ao mesmo tempo que exercitava a escrita. Estereótipos à parte, até aqui parece que o termo "intelectuais" encaixa bem. O fascínio pelo Inverno e pelos filmes do Truffaut, aqueles mais existencialista (Jules et Jim), são os sentimentos mais frequentes num bom intelectual. Há também o factor da aparência. Um intelectual que se preze anda sempre vestido com camisola de gola alta, cachecol e gabardina (os óculos e a barba por fazer são acessórios utilizados apenas pelos mais requintados. É para eruditos). Se os beduínos nasceram aptos para viver no ambiente árido do deserto, os intelectuais foram criados para pastar no Inverno.

Agora a questão que coloco é a seguinte: o que é que os intelectuais vestem no Verão?


Pedro Ramalhete

A paleontologia e Cavaco Silva (ou a paleontologia de Cavaco Silva)

Foi comprovada a existência de outro dinossauro angolano, o segundo depois de José Eduardo dos Santos. O paleontólogo português Octávio Mateus, investigador da Universidade Nova, encontrou os fósseis e baptizou  a nova espécie com o nome Angolatitan adamastor. Em entrevista ao Diário de Notícias, o cientista português conta que a localização foi o critério escolhido para nomear a nova espécie, ao contrário de outras que descobriu, como o Draconyx loureiroi, baptizado assim em "homenagem a João Loureiro, o primeiro paleontólogo português" - o  único João Loureiro que os Senhores da Rádio conhecem é, curiosamente, filho de um dinossauro. 
Questionado pelo DN acerca de como era Angola há 90 milhões de anos o cientista deu uma resposta politicamente correcta, mas aos Senhores da Rádio acabou por admitir que é muito parecida com a actual - os maiores comem os mais pequenos "e tal". O próximo grande objectivo de Octávio Mendes é encontrar a rótula do jogador Pedro Mantorras. 
Entretanto o Presidente da República desafiou os jovens a seguirem o exemplo dos que combateram na Guerra do Ultramar. Alguns já viajaram para Angola (outros, poucos, já o tinham feito antes destas declarações) a fim de encontrar fósseis dos tios combatentes que os possam inspirar.

António Vieira

Blogues

Ainda vale a pena espreitar o blogue Voz do Deserto de Tiago de Oliveira Cavaco (Tiago Guillul, para os melómanos). As actualizações já não são tão frequentes, mas há uma ou outra coisa que poderia ter sido eu a escrever caso tivesse a sua pena e sapiência - e essa oportunidade de ler algumas das minha ideias noutro sítio é todo um trunfo para os Senhores da Rádio. Graças a Deus o conservadorismo religioso (e não só) do Senhor Tiago marca o distanciamento. De qualquer das formas é mesmo isto:




Claro que não perderia esta oportunidade.





António Vieira