quarta-feira, 23 de março de 2011

Estado de Sítio: A Cabeça do Porco

O meu forte nunca foi a política. Aliás, nunca me interessei. Chamem-me irresponsável, imaturo ou idiota. Eu sei que a política é a base de muita coisa, mas o problema é que não me identifico com nenhuma ideologia política. Contudo, acompanhei com relativa atenção o debate na Assembleia da República (AR).
Os socialistas, em tom de despedida, enalteceram todos os seus feitos gloriosos. A oposição, entre apupos e risos irónicos, mostrou que será a próxima salvadora da pátria. A conclusão a que cheguei é que ninguém nos vai salvar. Somos um povo ignóbil, sem emenda e preso numa tautologia repugnante (daqui a uns tempos veremos isto a repetir-se, mas com Passos Coelho no poder).

Era aqui que queria introduzir a analogia ao livro O Deus das Moscas, de William Golding. A cabeça do porco, infestada de moscas, representa todos os poderosos de Portugal. A maldade inerente à personalidade de muitos homens é o verdadeiro demónio que corrói a política. Porque é que fascismo e comunismo nunca resultaram?
A loucura colectiva será despoletada, em pouco tempo, pelo egoísmo destes tipos que têm poder. Estamos a viver numa selva, como os miúdos de O Deus das Moscas, à mercê dos nossos instintos. A luta pela sobrevivência dos mais ricos apodrece os valores civilizacionais.     



"O que é melhor... ter regras e respeitá-las, ou caçar e matar?"
                                                                               - William Golding, in Lord of the Flies

Já nem sei...

Pedro Ramalhete

1 comentário:

  1. É um dos problemas do nosso país, Pedro: o imobilismo! Bem observado, caro colega, :)

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