sábado, 26 de março de 2011

Magnolia

O melhor filme de sempre sobre pessoas.
Magnolia, obra-prima incontornável do cinema moderno, reforçou o papel do caleidoscópio como método por excelência. As câmaras sempre em movimento, claramente influenciadas por Max Ophuls e Jean Renoir, exploram a vertigem, que é viver no limiar da solidão. O jogo de coincidências inicial é qualquer coisa de fabuloso, sendo um mote excepcional para aquilo que se segue. A banda-sonora de Aimme Mann entranha-se acentuando a dor destas personagens frustradas e tremendamente infelizes (o momento de videoclip Wise Up é bastante emotivo). Vemos Magnolia e o tempo passa num instante, mesmo que sejam duas horas e meia de pura angústia. No fim há sempre aquela esperança pueril, mas até lá chegar é preciso desbravar uma estrada densa e auto-destrutiva. Ser humano exige um esforço hercúleo e um olhar irónico sobre a vida. Constata-se ao ver as personagens de William H. Macy (o antigo puto maravilha) e de Tom Cruise ("Respect the cock! And tame the cunt!") que a vida é mesmo maldita. A certa altura damos por nós com um sorriso amarelo.

Paul Thomas Anderson (PTA), o realizador de Magnolia, é um grande amigo de Quentin Tarantino. Juntos revitalizaram a cena indie americana, com argumentos minuciosamente concebidos e estética deslumbrante. Foi um movimento que se criou involuntária e informalmente, mas que definiu uma geração. Magnolia é claramente a obra-prima de PTA. Contudo, não se esqueça Sydney, Boogie Nights, Punch-Drunk Love e There Will Be Blood, obras que redefiniram o conceito de arte de diferentes formas. Filmes marcadamente irreverentes. Uma inspiração. Um ídolo.
Este realizador, camaleónico e sobre-dotado, escreveu o seguinte aos sete anos de idade: 
"O meu nome é Paul Thomas Anderson. Quero ser argumentista, produtor, director de fotografia, realizador, técnico de efeitos especiais. Sei fazer tudo e sei tudo. Por favor, contratem-me.", 
 Escusado será dizer que conseguiu o que queria...  




10 (de 0 a 10)

Pedro Ramalhete

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